Professor efetivo da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade Universitária de Paranaíba. Mestre em Direito na área de concentração de Tutela Jurisdicional no Estado Democrático de Direito. Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade Universitária de Paranaíba por 3 mandatos consecutivos até o ano de 2016. Apaixonado pela Docência. Militante incansável da Democracia, da Ética e dos Direitos Humanos.
"O torturador não é um ideólogo, não comete crime de opinião, não comete crime político, portanto. O torturador é um monstro, é um desnaturado, é um tarado" (Ayres Brito)
sábado, 17 de junho de 2017
Apresentação do texto da Convenção sobre tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes de 1984
quarta-feira, 31 de maio de 2017
GABARITO DA PROVA DE ANTROPOLOGIA JURÍDICA
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Turma: Matutino
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Disciplina: Antropologia Jurídica
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Data: 30/05/2017
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Professor(a): Me. Alessandro Martins
Prado
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Valor: Dez
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Obteve:
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GABARITO DA PROVA DE ANTROPOLOGIA JURÍDICA
1) Explique o conceito de
Antropologia, e ainda, contextualize esse conceito com a importância de termos exibido
em sala de aula o documentário intitulado “Solitário Anônimo” da antropóloga
Débora Diniz no âmbito da discussão envolvendo o conceito e objeto de estudo da
Antropologia:
RESPOSTA:
Antropologia é o estudo do homem. Como ciência da humanidade, ela é responsável
por conhecer cientificamente o ser humano em sua totalidade. O objeto de estudo
da antropologia, neste sentido, é estudar todas as formas de manifestações culturais
humanas, sejam elas provenientes de Sociedade Primitivas ou de Sociedades
Modernas para tentar compreender as diversas manifestações culturais dos mais
diversos povos. No documentário de Débora Diniz intitulado Solitário Anônimo,
temos um senhor, advogado, muito inteligente, fluente em 5 línguas que decidiu
que desejava sua morte e planejou uma forma de suicídio. A contextualização do
documentário com a disciplina de antropologia foi no sentido de demonstrar que
possuímos diversas culturas no planeta, com entendimentos diferentes com
relação ao direito à morte em casos específicos, mas deixando claro que não
existe em nenhuma cultura ainda, ou seja, em nenhuma nação, o direito a morte
sem que o paciente esteja com alguma doença em estágio terminal, já que
culturalmente e universalmente o que se protege é o direito à vida.
2) Explique a diferença entre
Sociedades Simples e Sociedades Modernas e a importância para a antropologia de
realizar o estudo de ambas:
RESPOSTA:
Sociedade Simples são as sociedades consideradas primitivas, que não
desenvolveram tecnologias avançadas como por exemplo o uso da energia elétrica,
no entanto, possuem importância cultural para compreender o desenvolvimento do
homem ao longo da história, como funcionavam suas instituições como religião,
magia, família, etc. Sociedades Modernas são as sociedade atuais, complexas, já
organizadas com um Estado também com suas instituições próprias, sendo útil
estudar ambas as sociedades para compreender o desenvolvimento do homem e o
comportamento do mesmo no estágio atual nas mais diversas culturas.
3) Explique os conceitos de
Multiculturalismo e Alteridade e a importância da compreensão de ambos os
conceitos para a Antropologia Jurídica e para os profissionais das mais
diversas áreas jurídicas:
RESPOSTA:
Multiculturalismo é a noção da existência de múltiplas culturas, ou seja, de
existir no planeta uma infinidade de povos e culturas diferentes e de que não
se pode julgar nenhuma cultura como superior a outra, seja ela proveniente de
uma sociedade simples ou de uma sociedade moderna. Já o conceito de alteridade
está exatamente relacionado com essa diversidade cultural e com nossa
capacidade de aceitar o diferente, o que se apresenta com uma cultura diferente
da nossa, com um comportamento diferente do nosso, a capacidade de se imaginar
no lugar do outro e aceitar suas diferenças, compreender suas diferenças.
4) Explique o que é Etnocentrismo
e sua relação com preconceito, com racismo e com o nacionalismo:
RESPOSTA:
Etnocentrismo pode ser entendido como uma abordagem preconceituosa em que uma
determinada cultura acredita ser superior a outra e justamente por essa crença
de superioridade é que, infelizmente, tivemos momentos históricos dramáticos em
que genocídios étnicos terríveis ocorreram, como o caso do nazismo. O fato de
um determinado povo acreditar ser superior ao outro acaba desencadeando ideias
racistas, e de superioridade racial ou até do desenvolvimento de raças puras.
Essa crença na superioridade gera dessa forma preconceito e, por fim, acabou
levando ao nacionalismo que foi o movimento em que nações, defendendo a
superioridade da cultura e raça de seus cidadãos, sobrevalorizaram seus países.
5) Explique os conceitos de
Antropologia do Direito e de Antropologia Jurídica, deixando claro que entendeu
a diferença entre referidos conceitos:
RESPOSTA:
Conceito de Antropologia do Direito: é o estudo da Ordem Social, das Regras e
das Sanções em sociedade “simples”: devendo ser entendido como o estudo do
“direito primitivo” ainda não estatizado, não especializado, não diferenciado. Conceito
de Antropologia Jurídica: já, devemos entender por Antropologia Jurídica a
observação e a comparação entre as modernas instituições do direito do Estado
Moderno, como por exemplo a polícia, o judiciário, prisões, juridicidade dos
movimentos sociais.
6) Com relação ao “Etnocentrismo
e a Cultura brasileira” a antropologia aponta como causa do preconceito ainda predominante
em parte considerável da elite brasileira quatro momentos de nossa história,
sendo eles: I) Colonização Europeia; II) Iluminismo; III) Desdobramento do
racionalismo positivista no Território Nacional; IV) Ditadura Militar. Explique
a influência de referidos momentos na formação preconceituosa da maioria de
nossa elite:
RESPOSTA:
I) Na Colonização Europeia os povos indígenas foram escravizados, subjugados
porque o Europeu se considerava culturalmente superior e mais desenvolvido que
os indígenas. Por se achar superior e culturalmente mais desenvolvido, viu os
indígenas como seres inferiores que poderiam ser escravizados e até mesmo
mortos.
II) No
Iluminismo, conhecido como Época das Luzes (Século XVIII), em que a ideia da
prevalência da razão deveria ser reconhecida nas realizações
técnico-científicas do europeu o que prevaleceu, mais uma vez, foi o
entendimento falacioso de que se o colonizador tinha armas de fogo e navios
poderosos, ou quinquilharias para oferecer aos índios, isto era sinônimo de
superioridade. O mesmo imediatamente e infelizmente acabou estendendo às
ciências novas do século XIX, como Sociologia e a Antropologia, em que o
racionalismo positivista de cunho darwinista estabeleceu na República a ideia
de superioridade etnocentrista europeia.
III) O
desdobramento no território brasileiro foi tão forte, que inúmeros
intelectuais, jornalistas, escritores e juristas no racionalismo exacerbado do
Iluminismo que não só defenderam de forma incontinente o Positivismo resumido
na preceito “Ordem e Progresso”, como criaram as teses fundantes de purismo
racial e do raquitismo nacional, verdadeiro etnocentrismo xenófobo. Este acabou
sendo o Terceiro motivo que levou a uma visão cultural brasileira de superioridade
e preconceito de uns sobre outros.
IV) As
ditaduras contumazes no Brasil e na América Latina, sempre tenderam a
privilegiar as elites latifundiárias e financeiras nacionais e internacionais,
estabelecendo clara divisão entre o “selvagem” e o “civilizado”, o atrasado e o
desenvolvido, o ruim e o bom. Esse mecanismo etnocentrista se repete ainda hoje
na cultura brasileira, quando o próprio povo, sem cidadania real, se lança à
aliança e ao favor menos apropriado na tentativa desesperada de sobrevivência
cujas condições mínimas de vida digna lhe são acintosamente retiradas e vale
aqui, mais do que nunca dizer, quem nunca ouviu de alguém: “ Sabe com quem está
falando?”
7) No México temos 17 milhões, no
Peru são 7 Milhões, na Bolívia, 62% da população é indígena, na Guatemala 42%
da população é indígena, no Brasil, menos de um milhão de indivíduos são
indígenas, mesmo levando em consideração o tamanho do território nacional que,
só para se ter uma ideia, comportaria o território de todos os países citados
juntos e ainda sobraria território nacional desocupado. Diante dos dados
expostos na Exposição “A Tragédia Humanitária dos
Guarani Kaiowá no Estado de Mato Grosso do Sul”, elabore uma explicação
para essa discrepância entre a população indígena do Brasil e dos demais países
citados, levando-se em consideração é claro, os dados da exposição e deixando
claro que você compreendeu referida exposição:
RESPOSTA:
A Exposição apresenta inúmeros dados que podem explicar essa discrepância
brutal da diferença de indivíduos indígenas no Brasil com relação aos seus
países vizinhos. Um dos damos que mais chama a atenção é que foi provado que o
próprio Estado brasileiro, por meio do Serviço de Proteção ao Índio, expulsou
os indígenas de seus territórios de forma violenta, muitas vezes provocando
genocídios, remoção forçada para locais inapropriados, envenenamento, etc.
Hoje, por conta da atuação do Estado, existe um grave conflito indígena em que
são assassinados uma média de 150 a 200 indígenas da etnia Guarani Kaiowá por
ano. O Ministério Público Federal considera a situação como a Faixa de Gaza
brasileira. A expectativa de vida no mundo é de 65 anos, no Brasil de 75 anos e
de um indígena Guarani Kaiowá é de apenas 45 anos. O número de lideranças
indígenas assassinadas em um curtíssimo espaço de tempo. A criação de Reservas
indígenas inapropriadas com um grande número de indivíduos em exíguos espaços
tornando impossível a prática de suas culturas e subsistência, levando a alto
número de conflitos, desnutrição e suicídios. Dentre muitos outros dados
apresentados.
8) Qual o significado
antropológico no nome Guarani Kaiowá? Explique:
RESPOSTA:
Antropologicamente possui o significado de Povo da Floresta ou Povo da Aldeia.
9) Qual a razão de se afirmar que
no Estado do Mato Grosso do Sul “A vida de um Boi vale mais do que a vida de
uma Criança”? Explique:
RESPOSTA:
Enquanto é reservado 22 milhões de hectares de terras para a produção de gado
no Estado de Mato Grosso do Sul, para se resolver o problema deste grave
conflito agrário gerado por falta da demarcação e criação das reservas
indígenas que deveriam ter sido criadas, nos termos da CF/88 no máximo em cinco
anos de sua promulgação, seriam necessários apenas 900 mil hectares de terras.
Ou seja, para se resolver a questão definitiva no Estado do Mato Grosso do Sul,
apenas 2,5% do território, em reservas que serão criadas em 28 municípios
diferentes, não havendo assim prejuízo para o agronegócio demonstra absoluta
falta de interesse das esferas governamentais, em especial o Governo Federal.
10) De acordo com o que foi
apresentado na Exposição “A Tragédia Humanitária dos Guarani Kaiowá no Estado
de Mato Grosso do Sul”, qual a relação entre os conflitos agrários envolvendo
os Guarani Kaiowá e o papel do Estado desenvolvido em nome do Serviço de
Proteção ao índio? Explique:
RESPOSTA:
A principal e desastrosa contribuição do Serviço de Proteção ao Índio como
causa dos conflitos atuais foi justamente com relação ao fato de realizar a
remoção forçadas dos povos indígenas de suas terras tradicionais, além do fato
de não impedir que houvesse o serviço de pistoleiros também praticando atos
violentos contra os indígenas. Houve muita corrupção no SPI e nos PI Postos
Indígenas ou Postos de Inspetorias os indígenas em vez de serem protegidos
foram escravizados. O SPI também expedia documentos falsos negando a existência
de indígenas dizendo que em determinados locais que haviam tradicionalmente
indígenas, para que referidas terras fossem consideradas devolutas para reforma
agrária.
5) QUESTÃO ALTERNATIVA. Como
funciona a força das normas e regras em uma sociedade primitiva? Explique:
RESPOSTA:
Obediência às normas nas sociedades primitivas: nas sociedades primitivas a
obediências às regras de convívio coletivo não mede apenas a sobrevivência
coletiva da comunidade, mas, igualmente, o prestígio e eficiência dos líderes
que aplicam as normas e suas sanções. Nas sociedades primitivas à obediência às
regras de convívio, dessa forma, nunca estarão interligadas com um terceiro
ente, o Estado, como ocorre nas sociedades modernas.
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