1) Etnocentrismo e Relativismo Cultural
Etnocentrismo: como
já vimos anteriormente, pode ser entendido como uma abordagem preconceituosa em
que uma determinada cultura acredita ser superior a outra.
Relativismo cultural: deve ser entendido como
a abordagem de que todas a culturas são igualmente válidas e ricas. Com isto,
quer dizer que não existe a possibilidade de determinar uma sequência linear de
desenvolvimento civilizatório em que culturas seriam protótipo das outras e
assim sucessivamente. (ROCHA, 2015).
2) Etnocentrismo e cultura brasileira, as razões para o preconceito exacerbado
em nossa sociedade
A
influência do comportamento com uma abordagem etnocentrista está diretamente
ligada a história e à cultura brasileira por vários motivos, pelos quais, até
os dias atuais, se pode verificar quanto as manifestações de preconceito e a
discriminação que fazem parte de nossa vida cotidiana (ROCHA, 2015).
É
possível dividir de forma muito calara, a existência de quatro motivos determinantes
que levaram a sociedade brasileira a predominância do comportamento
etnocentrista e altamente preconceituoso, sendo eles:
I) Na Colonização Europeia os povos indígenas de
nosso território foram usados como manobra para dominação e exploração
necessária à acumulação prévia do capital no mercantilismo e, é bom destacar
que nem mesmo as chamadas missões jesuíticas podem ser inocentadas por conta da
forma como realizaram a catequização e evangelização que serviram na verdade de
apaziguamento dos índios, possibilitando a sua escravização e exploração de
suas terras (ROCHA, 2015).
II) No Iluminismo,
conhecido como Época das Luzes (Século XVIII), em que a ideia da prevalência da
razão deveria ser reconhecida nas realizações técnico-científicas do europeu o
que prevaleceu foi o entendimento falacioso de que se o colonizador tinha armas
de fogo e navios poderosos, ou quinquilharias par oferecer aos índios, isto era
sinônimo de superioridade. O mesmo imediatamente e infelizmente acabou
estendendo às ciências novas do século XIX, como Sociologia e a Antropologia,
em que o racionalismo positivista de cunho darwinista
estabeleceu na República a ideia de superioridade etnocentrista europeia.
(ROCHA, 2015).
III) O desdobramento no
território brasileiro foi tão forte, que inúmeros intelectuais, jornalistas,
escritores e juristas ( Oliveira Viana, Octavio de Faria, Silveira Martins,
Silvio Romero, Capistrano de Abreu) não só defenderam de forma
incontinente o Positivismo resumido na preceito “Ordem e Progresso”, como
criaram as teses fundantes de purismo racial e do raquitismo nacional,
verdadeiro etnocentrismo xenófobo. Este acabou sendo o Terceiro
motivo que levou a uma visão cultural brasileira de superioridade e preconceito
de uns sobre outros, da segregação, exploração de índios, negros provenientes
do tráfico, brancos pobres punidos, mestiços, mulatos, mamelucos, cafuzos, etc.
(ROCHA, 2015).
IV)
As ditaduras contumazes no Brasil e na América Latina,
sempre tenderam a privilegiar as elites
latifundiárias e financeiras nacionais e internacionais, estabelecendo clara
divisão entre o “selvagem” e o “civilizado”, o atrasado e o desenvolvido, o
ruim e o bom. Esse mecanismo etnocentrista se repete ainda hoje na
cultura brasileira, quando o próprio povo, sem cidadania real, se lança à
aliança e ao favor menos apropriado na tentativa desesperada de sobrevivência cujas
condições mínimas de vida digna lhe são acintosamente retiradas e vale aqui,
mais do que nunca dizer, quem nunca ouviu de alguém: “ Sabe com quem está
falando?” (ROCHA, 2015).
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