"O torturador não é um ideólogo, não comete crime de opinião, não comete crime político, portanto. O torturador é um monstro, é um desnaturado, é um tarado" (Ayres Brito)

terça-feira, 12 de julho de 2011

MP reage a ação que favorece torturadores

MP reage a ação que favorece torturadores

12jul
Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo
O Ministério Público Federal em São Paulo recorreu da decisão em que a juíza Diana Brunstein, da 7.ª Vara Federal Cível, rejeitou a ação civil pública para afastamento imediato e a perda dos cargos ou das aposentadorias de três delegados da Polícia Civil paulista que teriam participado diretamente de atos de tortura, abuso sexual, desaparecimentos forçados e homicídios, “a serviço e nas dependências de órgãos da União”, durante o regime militar (1964-1985).
A ação foi proposta em agosto de 2010. Em março passado, segundo a Procuradoria da República, a juíza, ao rejeitar o pedido, baseou-se na validade da Lei de Anistia e considerou que a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) ainda não havia se pronunciado sobre o tema.
O Ministério Público Federal apresentou embargos declaratórios, recurso perante a própria juíza do caso, sob alegação de que a sentença trazia “erro de fato” uma vez que a Corte já havia decidido sobre a questão, em novembro de 2010.
A ação pede a responsabilização pessoal dos delegados Aparecido Laertes Calandra, David dos Santos Araújo e Dirceu Gravina, os dois primeiros aposentados e o terceiro ainda na ativa, além da condenação à reparação por danos morais coletivos e restituição das indenizações pagas pela União.
Segundo a ação, Capitão Ubirajara, capitão Lisboa e JC – codinomes utilizados, respectivamente, pelos três policiais enquanto atuaram no DOI/Codi, principal foco de repressão ligado ao antigo II Exército -, foram reconhecidos por vítimas ou familiares em imagens de reportagens veiculadas em jornais, revistas e na televisão.
A Procuradoria argumenta que “mesmo tendo sido apontado o equívoco quanto à existência da manifestação da CIDH a juíza rejeitou o recurso de embargos de declaração”. Segundo o Ministério Público, a juíza decidiu que não cabe à Justiça Federal de primeira instância discutir questões de direito internacional.

Enviado por Marília Ramos (IRI/USP)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

II Seminário Latino-Americano de Justiça de Transição - Brasília 2011




O II Seminário Latino-Americano de Justiça de Transição ocorreu nos dias 7 e 8, encerrando-se hoje. Referido evento foi simplesmente extraordinário, sendo possível encontrar notáveis das mais diversas áreas de conhecimento que dedicaram suas vidas a incondicional defesa dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito.
Os Painéis e debates realizados foram de altíssimo nível, sendo possível destacar que ficou muito evidente a importância da criação de uma Comissão da Verdade no Brasil com participação incondicional da Sociedade Civil Organizada para assegurar o sucesso no esclarecimentos de fatos e crimes promovidos pelo Estado no período de exceção.
Não obstante, o que mais positivamente impactou-me foi o fato de ver, de perto, e até mesmo, conversar com alguns dos meus heróis que estão vivos, pessoas que lutaram, e ainda lutam por democracia no período de exceção enquanto muitos outros se calaram, pessoas das quais lemos histórias ou até mesmo textos científicos publicados nos mais diversos periódicos, ou seja, nossas referências, nossos exemplos e modelos e que acreditávamos que não seria possível conhecê-las. Foi simplesmtente fantástico poder rever Maurice Politi e Sueli Bellato, bem como e conhecer Gilney Viana, Iara Xavier, Rose Nogueira, Belisário dos Santos Junior.
Foi extraordinário conhecer Marlon Weichert, Gilda Pereira de Carvalho, Beatriz Affonso, Deisy Ventura, Paulo Abrão, Edson Teles, Marcelo Torelly, personalidades das quais utilizamos textos e trabalhos nos dabates da Universidade.
Por fim, os Painelistas de maneira instigante nos manteram "pregados" nas cadeiras, praticamente sem piscar. Não se ouvia conversas paralelas, todos estavam prestando absoluta atenção aos conhecimentos ali transmitidos por Eduardo Gonzáles, Victor Prado Saldarriaga, Gilda Pereira de Carvalho, Catalina Botero, Jaime Antunes, Javier Ciurlizza, Elizabth Lira, Priscilla Hayner, Juan Mendez, dentre tantas outras personalidades.
Resumindo, o Evento foi definitivamente fantástico, mais que isso, extraordinário.