I) PRINCIPAIS ESCOLAS
ANTROPOLÓGICAS PARA A ANTROPOLOGIA JURÍDICA
A) Escola Evolucionista
A Escola Evolucionista defende que em
certas condições de convívio com a natureza, os grupos humanos se desenvolvem
mais rapidamente em uma mesma direção, d mais simples para o mais complexo, do
inferior para o superior, do atrasado para o desenvolvido, esta direção sempre
relacionada e determinada pelas tecnologias que se consegue desenvolver na
inexorável luta pela sobrevivência material. (ROCHA, 2015)
Fortemente influenciada pelas descobertas
das outras ciências, como o caso da biologia. As teses de Charles Darwin
(1809-1822), com relação a evolução das Espécies, a partir de pesquisas
efetuadas nas ilhas Galápagos do Oceano Pacífico. Darwim concluiu que para
sobreviver as espécies animais se adaptavam ao meio em que viviam e que os mais
fortes seriam aqueles que melhor se adaptassem, e os mais fracos estariam
condenados a se extinguir. Pesquisando animais dessas ilhas, chegou à conclusão
de que geneticamente poderiam todos os seres vivos descender de uma única
existência microbiana primária e que na luta pela sobrevivência sofreriam
sucessivas transformações biológicas de forma que se passaria essa herança
genética às próximas gerações. (Rocha, 2015)
PROBLEMA: essa tese agradou o homem
europeu que se enxergou como mais desenvolvido e civilizado, no topo da escala
de uma linha de evolução única que selecionava o mais forte. Assim, as
comunidades diferentes dos territórios colonizados eram, nesta escala, inferiores
e, portanto, passíveis de serem dominadas e exploradas. Na melhor das
hipóteses, essas comunidades inferiores nos mostravam como havíamos evoluído e
como poderíamos, se assim o desejássemos, auxiliá-los a se desenvolver para se
equipararem a nosso estágio de evolução.(Rocha, 2015)
Tudo indica que os primeiros Homo
sapiens saíram mesmo do continente africano, atravessaram o mar vermelho e a
partir daí se espalharam ao longo de milhões de anos por toda a face da terra.
Isso foi provado por estudos de DNA Mitocôndrio – herança feminina comum a
todas a linhagens raciais hoje distribuídas por todos os continentes. (Rocha, 2015)
Dessa forma, é nesse sentido, que
nasce a primeira Escola Antropológica Moderna, a Escola Evolucionista, no
século XIX, depois de o movimento mercantilista e imperialista renascentista
dos países europeus terem enfraquecido. (Rocha, 2015)
B) A Escola Funcionalista
A Escola Funcionalista, ao estudar os
povos isolados e dos mais longínquos extremos da Terra, pôde desenvolver uma
teoria que aponta para a determinação da funcionalidade de certas instituições
sociais sobre as formas de existência cultural e, portanto, sobre as opções de
produção material de sobrevivência. Num certo sentido, esta escola
defende a predominância da cultura sobre a economia e a política. (Rocha, 2015)
O mérito do funcionalismo
antropológico, seja a versão biológica ligada ao parentesco, seja a versão
sociológica, foi, sem dúvida, defender a ideia de que o desenvolvimento dos
grupos humanos está permeado por valores, que constituem uma cultura própria e
diversificada, e que, em última análise, para se entender como esse
desenvolvimento se dá, é preciso entender as funções das instituições culturais
de cada povo, como por exemplo, as formas diversas do parentesco e das
funções da família. (Rocha, 2015)
CRÍTICA: a crítica quanto a Escola
Funcionalista é que, ao privilegiar as funções das instituições socioculturais,
de forma idealista, se deu autonomia e preponderância desses subsistemas
“particulares” (parentesco, religião, economia) sobre as condições concretas de
existência em que repousam as particularidades nas quais tais subsistemas
executam suas funções e quais as modificações que ao longo do tempo essas
instituições apresentam. Neste sentido, a evolução humana, na visão
funcionalista, parecia ter explicação apenas contingenciais e acidentes
externos ao funcionamento das suas instituições sociais, pois em seu interior
as comunidades parecem harmoniosas e incapazes de produzirem litígios, delitos
e punições cabíveis já que não se pode partir do imaginário valorativo de uma
comunidade sem que se busque entender qual a relação desse imaginário com as
contradições que a mesma irá apresentar seja em relação à natureza ou aos
próprios homens. (Rocha, 2015)
C) Escola Estruturalista
Para os Lévi-Strauss, uma estrutura é
o conjunto de relações sociais específicas de uma determinada organização da
produção para a vida em grupo, como no caso de parentesco e liderança mágica,
que está na origem das funções superficiais observáveis das instituições
culturais. No entanto, ele destaca que uma estrutura social não é imediatamente
observável, pois ela está no substrato da vida real, como por exemplo na origem
por detrás do que explica a funcionalidade das instituições e dos papéis dos
indivíduos em uma determinada sociedade. Dessa forma, o que
o observador vê de imediato é apenas a superficialidade, consequência da
estrutura das relações e afinidades que compõem um sistema de organização
social e a verdadeira relação de parentesco, de religiosidade, e mesmo produção
material e econômica está estruturada em uma ordenação mental coletiva, um
sistema de elementos que abrange toda a coletividade.
Do ponto de vista da Escola
Estruturalista, Lévi-Strauss, apresentou três princípios metodológicos para que
o antropólogo possa estudar as sociedades, primevas e outras:
I) Toda estrutura é um
conjunto de relações, ligadas umas às outras segundo leis internas que
apresentam transformações constante;
II) Toda estrutura combina
elementos específicos que a compõem, e por este motivo, é impossível “reduzir”
uma estrutura a outra ou “deduzir” uma estrutura de outra;
III) Estruturas se unem
formando sistemas sociais complexos (parentesco + magia e liderança +
produção), através de leis de “compatibilidade”, mas que não têm uma origem
única e definida (processo biológico de adaptação ao ambiente).
IMPORTANTE: como podemos ver, os
“princípios estruturais” apontam para o dinamismo e múltipla determinação no
desenvolvimento dos grupos humanos, construindo uma complexidade tão rica e
diversa que é impossível se afetuar qualquer reducionismo a uma única origem,
um único caminhar e mesmo uma igualdade de existência entre os grupos humanos. (Rocha, 2015)
SEMELHANÇAS ENTRE ESCOLAS
Funcionalista e Estruturalista: podemos apontar como semelhança entre ambas as
escolas o fato que ambas defendem a ideia da necessidade de compreender cada
grupo humano pela totalidade e complementaridade de suas instituições e relações
recíprocas, e procurar entender sua dinâmica interna antes de analisar sua
gênese e evolução (como é o foco da Escola Evolucionista). (Rocha, 2015).
Escola Estruturalista marxista
A Escola Estruturalista marxista vai
além da simples constatação de que a estrutura é o fundamento de todas as
superestruturas sociais, e procura revelar como e de que forma essas estruturas
se apresentam em termos de organização pela sobrevivência do grupo e como a
partir daí as demais concepções superestruturais (religião, cultura e política)
lhe são imanentes.
O marxismo antropológico, procura
entender ainda, o desenvolvimento ulterior dessas estruturas como forma de
concluir ou não por um relacionamento de forças e fatores que forçam as
superestruturas a modificar na permanente adequação de suas instituições às
estruturas que lhe dão base, como por exemplo, os conflitos estruturais entre
forças produtivas e relações de produção podem desencadear rupturas profundas
na superestrutura dispondo o grupo humano a revolucionar suas instituições.
IMPORTANTE: é exatamente esse caminho
revolucionário apresentado no tópico anterior que produz potencialmente novos
modos e relações de sobrevivência, devendo destacar que não é o único modelo já
que nas sociedades primárias, instituições superestruturais, como no caso do
parentesco, também apresentam funções estruturais de produção.
CUIDADO: ainda hoje podemos observar
o quanto o aspecto econômico de uma comunidade primária se modificou, sem, no
entanto, ter revolucionado profundamente a cultura, as normas de convivência e
o misticismo desse grupo. Os esquimós Inuit do Alasca, os indígenas Ifugaos das
montanhas Luzon a nordeste das Filipinas, os caçadores Bushmam do deserto
Kalahari, no sul da África, todos utilizam hoje instrumentos de caça e
utensílios introduzidos pela sociedade industrial, sem que isso, contudo, tenha
provocado mudanças culturais visíveis entre esses grupos cujas normas e hábitos
permanecem inalterados desde seus ancestrais.