“BAHAITI” BARBÁRIE
E POBREZA EXTREMA NO BRASIL QUE NASCE DO GOLPE DE 2016: veremos três conceitos “Belíndia”
(1970/80), “Brasil Social” (2000/2015) e “Bahaiti” (2016...)
Este
artigo reproduzirá informações do brilhante economista político Marcio Pochmann
que faz uma análise contundente do que podemos esperar do Brasil que nasce com
o Golpe de 2016, tratando-se, infelizmente, de uma análise muito realista e
perturbadora.
Pochamann
chama a atenção principalmente para dois tipos de classificação do Brasil, o
país que vigorou durante o período da ditadura que nasce com o Golpe de 1964,
classificado de “Belíndia” ou Brasil-Índia e o país que já está nascendo do
Golpe de 2016 que Pochamann denominou de “Bahaiti” ou Brasil-Haiti.
Ocorre
que o Golpe de 1964 foi todo organizado, preparado, orquestrado pelos EUA e houve
uma enorme injeção de recursos financeiros no Brasil nos anos de chumbo. Essa
injeção de dinheiro coincidiu ainda com um período em que o planeta estava em
crescimento e houve o chamado “Milagre brasileiro” em que o país cresceu muito
economicamente.
Porém,
um crescimento econômico sem inclusão social não promove o desenvolvimento
econômico e social estrutural do país. Dessa forma, o crescimento econômico que
se verificou durante os Anos de Chumbo, ou seja, durante o período iniciado com
o Golpe de 1964 privilegiou apenas uma ínfima camada da população brasileira,
provocando uma altíssima concentração de renda e desigualdade social.
O
Brasil-Índia, ou “Belíndia” nasce dessa forma, com um grande crescimento
econômico, mas, sem qualquer política pública de distribuição de renda, ou
qualquer preocupação de atendimento com os setores sociais como educação,
saúde, saneamento básico, foi criado uma Índia em plena América Latina, em que
uma casta da população ficou muito rica e uma enorme quantidade de brasileiros
foi totalmente marginalizada do alcance de qualquer serviço público de
qualidade ou distribuição de renda.
Com
a redemocratização do país e a Promulgação da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, nasce o sonho do Estado Social e Democrático de
Direito. Inicia-se alguns governos comprometidos com a estabilização da moeda
como o Governo de FHC, mas, principalmente nos governos de Esquerda, são
implantadas inúmeras políticas públicas de INCLUSÃO da parcela pobre da
sociedade brasileira no orçamento público.
Essas
inúmeras Políticas Públicas de inclusão da camada empobrecida brasileira no
Orçamento Público Nacional, nada mais faz que cumprir o próprio papel estabelecido
na CF/1988.
Ocorre
então, que a partir de 2000, de forma inédita na história brasileira, o país
consegue combinar crescimento econômico, com democracia e forte inclusão
social. Isso porque, na década de noventa houve ausência completa de
crescimento econômico, somado ao fato da perversa adoção pelos governos FHC de
políticas neoliberais.
Essa
forte inclusão social iniciada nos governos de esquerda, a partir do ano 2000
dinamiza a economia e por si só provoca o crescimento do país com estabilidade
e qualidade, desdobrando no que os economistas chamam de dinamismo social e
econômico.
Mas
esses governos foram muito além, houve um real comprometimento com o Estado
Social Democrático e com a inclusão econômica e social dos antes excluídos no
orçamento estatal brasileiro e isso provocou um real e sustentado crescimento
do país que foi reconhecido mundialmente. O país sai do Mapa da Fome da ONU,
ocorre a inclusão de milhares de brasileiros nos cursos técnicos e
universitários, para se ter uma ideia, em dez anos foram formados mais
brasileiros com diploma de ensino superior do que nos 500 anos anteriores. Os
excluídos, enfim, foram, realmente, colocados no orçamento governamental e isso
foi muito benéfico para o país, porém, desagradou fortemente uma elite
considerada por vários sociólogos como a mais atrasada, conservadora e perversa
do Planeta. Para citar apenas um exemplo, Darcy Ribeiro dizia: “Nós temos
uma das elites mais opulentas e antissociais e conservadoras do mundo”.
Antes
de falarmos do Brasil-Haiti que está nascendo do Golpe de 2016, é importante recordar
que um pouco antes da reeleição de Dilma Rousseff, no final de seu mandato em
2013, o Brasil vivia uma situação econômica confortável, com a economia ainda
relativamente equilibrada apesar da crise econômica mundial e a Crise do Euro.
No Brasil, vivíamos uma situação de Pleno Emprego, com apenas, segundo dados do
IBGE 4,75% de desempregados, economia estabilizada com a Taxa Selic em 7,25% ao
ano. Um pouco antes, em 2010, Lula havia pagado toda nossa dívida Externa e
elevado nossas reservas para 400 Bilhões de Dólares. Em 2007 se descobre uma
imensa reserva de Petróleo, o Pré-sal e em 2012, uma discussão muito
beligerante no Congresso Nacional, graças aos interesses das grandes corporações
internacionais de petróleo que tentam influenciar congressistas nacionais sem
sucesso, o Brasil conseguiu votar o Marco Legal do Pré-sal totalmente nacional,
destinando verbas para a educação e a saúde.
Voltando
ao do Golpe de 2016, ou, ao menos ao seu nascimento, setores da Direita inconformados
com a Reeleição de Dilma Rousseff passaram a financiar, hoje sabemos disso, a
criação de grupos como MBL – Movimento Brasil Livre; Revoltados Online e Vem
pra Rua, “coincidindo” a Primeira fase da Operação Lava Jato, sempre com “vazamento
de informações judiciais sigilosas”. Foi
realizada, seguramente, a maior campanha político midiática de difamação de um
governo da história de nosso país, muito maior, certamente, que a campanha que
precedeu o Golpe de 1964.
O
Golpe de 2016 atuou ainda no Congresso Nacional por meio de Aécio Neves que declarou
abertamente que: “Vamos obstruir
todos os trabalhos legislativos até o país “quebrar” e a Presidenta Dilma,
ficar sem capacidade de governar. Sem o Poder Legislativo nenhum Governo se
sustenta” que realmente conseguiu obstruir e não aprovar as matérias
importantes para garantir a governabilidade e enfrentamento da crise econômica
mundial. E também por meio de Eduardo
Cunha, que liberava as chamadas “Pautas
Bombas” para agravar a situação do Governo e autorizou o pedido de impeachment da Presidenta.
E para absoluta decepção
e incredibilidade dos juristas sérios deste país, quando mais se precisou que
as instituições nacionais garantissem a sustentabilidade do Estado Democrático
de Direito, o Poder Judiciário que também falhou no Golpe de 1964, mais uma
vez, mantém-se absolutamente inerte e em alguns casos, contribui ativamente com
o andamento dos atos do tabuleiro do Golpe de Estado de 2016.
O Golpe de Estado de 2016 se revela um Golpe Midiático, Parlamentar e
Judiciário, para desespero de quem sonhava com um país que pudesse continuar se
estabelecendo em um Estado Social e Democrático de Direito.
Nasce
dessa forma o que o economista político Marcio Pochmann brilhantemente denominou de “Bahaiti”, o Brasil-Haiti. Com o
Golpe de Estado de 2016 a opção “Belíndia” Brasil-Índia não é suficiente para
os anseios dos Golpistas. Tentaram impor e forçar Dilma Rousseff cortar
investimentos sociais no início de seu segundo mandato adotando a “Belíndia”,
como Dilma não concordou, partiram para o Golpe de Estado e implantação do “Bahaiti”
que consiste no imediato desmonte das
Políticas Públicas com vista
a retirar decisivamente os pobres do orçamento público em meio a mais grave
recessão da história brasileira. A adoção das velhas políticas
neoliberais do governo FHC em que se morriam 300 crianças de forme por dia, ou
uma criança a cada cinco minutos. A revisão do Marco Legal do Pré-sal que
garantia recursos para a saúde e educação, uma das primeiras medidas do Governo
Golpista, somadas as medidas de austeridade fiscal com a aprovação da lei de
congelamento de aplicação de recursos com despesas em saúde e educação por 20
anos, com a ONU alertando que já caímos 19 posições no Índice de
Desenvolvimento Humano. Com a aprovação de uma Reforma Trabalhista draconiana,
condenada fortemente pela OIT – Organização Internacional do Trabalho, está
estabelecido o pior dos mundos.
Dessa
forma, no Governo que nasce de forma ilegítima, Temer e os apoiadores de seu
governo estão buscando a construção do Brasil-Haiti o “Bahaiti”, fundado em políticas
neoliberais em que não há espaço no orçamento público para o povo, não havendo
assim políticas públicas de combate à pobreza, distribuição de renda e
crescimento social.
Sobra
espaço apenas para atender uma pequena parcela da sociedade de ricos
satisfeitos em um novo sistema de castas gerado através da artificialidade do
rentismo e da especulação financeira, aliados ao modelo da exportação de nossas
riquezas naturais e primárias.
Este
modelo, revela-se muito mais perverso para concentração de renda e brutal
empobrecimento do povo que o modelo “Belíndia” adotado no Golpe de 1964, já que
no modelo atual, do Golpe de 2016, modelo Bahaiti, além do povo, estar ou ir
sendo pouc a pouco absolutamente excluído do orçamento estatal que não cabe nas
políticas neoliberais, a outra faceta do neoliberalismo é não permitir o
desenvolvimento de um “Projeto de País”, revelando-se um governos entreguista
das riquezas naturais sem qualquer benefício para o povo, beneficiando apenas
uma pequena parcela da elite rentista ou relacionada com a exportação.
Nesse
modelo, vale reforçar, para deixar bem claro, sem querer ser pedante demais, a
maior parcela da população brasileira vai, dia a dia sendo excluída do
orçamento público já que as políticas públicas serão extintas e, neste mesmo
desdobramento de extinção, o grosso da sociedade brasileira será brutalmente
excluídas das oportunidades de ascensão social, tendo que aceitar migalhas de
uma economia que está sendo roubada, dilapidada, pela ausência de crescimento
econômico pela falaciosa modernidade das reformas que foram vendidas amplamente
pela grande imprensa e pelo governo, reformas condenadas por órgãos
internacionais, em especial, ONU, OIT, Anistia Internacional.
A constatação mais
perturbadora de Pochmann é a de que o resultado disso tudo que foi discutido
aqui é exatamente a transformação do Brasil Estado Social Democrático de
Direito para o Brasil-Haiti, ou o “Bahaiti” que se traduz na tendência da
conformação do povo brasileiro do imenso precariado sem perspectivas que se
instalará no país, cuja violência e barbárie provocada pela fome, desemprego e
inconformismo do povo com as injustiças sociais que surgirão, conduzirão nossa
nação a situação semelhante da encontrada pelo povo do Haiti nos dias atuais.
Fonte de algumas
informações, principalmente as teorias do economista Marcio Pochmann com
relação aos termos Belíndia Brasil Índia e Bahaiti Brasil-Haiti e seus
conceitos. http://altamiroborges.blogspot.com.br/2017/07/pobreza-e-barbarie-no-brasil-do-golpe.html.
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